Tratamento de Disfunção Temporomandibular. Artigo do prof. Dr. César Bataglion

Como tem evoluído a abordagem multidisciplinar e quais os novos recursos para controlar o desgaste articular degenerativo

Tratamento de Disfunção Temporomandibular. Artigo do prof. Dr. César Bataglion

A abordagem multidisciplinar nas disfunções temporomandibulares evoluíram muito bem nos últimos anos. A fase em que apenas o Cirurgião-Dentista atendia o paciente já ficou para trás. Modernamente os currículos de muitas faculdades de odontologia foram comtemplados com a criação da disciplina de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial, o que resultou na formação de profissionais que sabem diagnosticar essas disfunções e entendem a importância do tratamento multidisciplinar e transdisciplinar.

Da mesma forma as faculdades de fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia também ensinam aos acadêmicos a importância das DTM na população em geral e como interagir para controlar, minimizar ou eliminar os sinais e sintomas dessas disfunções, interagindo com o Cirurgião-Dentista. Essa interação se tornou tão importante que durante vários anos o atendimento de Extensão Universitária em DTM e Dor Orofacial em que fui responsável por 15 anos na FORP-USP, recebia anualmente médicos que faziam Especialização em Dor na Faculdade de Medicina – USP de Ribeirão Preto, e frequentavam a FORP semanalmente para adquirir conhecimentos sobre a área e como interagir com os outros profissionais. Nos auxiliavam muito com medicações e modalidades para a diminuição ou eliminação da dor dos pacientes. Em tempos passados apenas o Cirurgião-Dentista indicava o paciente para o colega que atendia DTM. Modernamente isso mudou radicalmente. Hoje recebemos pacientes de todos esses profissionais envolvidos com a disfunção. E de modo inverso encaminhamos a eles quando necessário. Isso é muito positivo. Cabe ressaltar que o profissional da Odontologia é o “maestro” que deve conduzir o caso do paciente, visto ser essa área uma especialidade odontológica, cabendo a ele o diagnóstico, propor as terapias e realizar os encaminhamentos pertinentes.

A abordagem multidisciplinar é uma realidade em nosso país, pois o ensino das disfunções temporomandibulares está bem sedimentado nas faculdades que oferecem essas disciplinas, seguindo sempre as recomendações das academias e das sociedades ligadas a DTM.

Em relação ao acesso a esse tipo de tratamento o mesmo torna-se mais efetivo nas instituições de ensino que conseguem montar programas com a participação dessas diversas áreas do conhecimento para o atendimento do paciente. Mas são poucas instituições que de fato oferecem tal modelo de multidisciplinaridade. Nos serviços públicos odontológicos municipais e estaduais pouco se vê em relação a esse atendimento integrado, portanto o acesso fica dificultado. No atendimento privado observo uma boa interação entre os profissionais.

De modo geral as condutas terapêuticas para a doença articular degenerativa da articulação temporomandibular é a diminuição da carga para restaurar a lubrificação e permitir o reparo da cartilagem. Atualmente há uma variedade de terapias que vão desde o uso de fármacos para o controle da dor e inflamação às injeções intra-articulares. O uso da artroscopia minimamente invasiva por imagens guiadas por ultrassom também é uma proposta terapêutica dando mais precisão para fazer a injeção de hiarulonato de sódio ou corticosteróide, com visualização direta.

O uso da artrocentese que é a lavagem da articulação para remover os componentes inflamatórios também pode ser indicada. Há uma inovação em andamento com pesquisas ligadas a medicina e odontologia regenerativa, cujo objetivo é promover através de células tronco a regeneração do tecido ósseo, cartilagem e disco articular. Há também a possibilidade, pouco frequente, do tratamento cirúrgico, de acordo com o grau da osteoartrite.

 

Prof.  Dr. César Bataglion, mestre e doutor em Reabilitação Oral, com uma trajetória expressiva na Odontologia, com destacada atuação em Oclusão e DTM. Foi docente disciplina de Prótese Total da Unaerp, e posteriormente a disciplina de Oclusão e DTM onde atuou por 16 anos.  Foi Docente na FORP-USP nas áreas de Oclusão e Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial; fez mestrado e doutorado em Reabilitação Oral e posteriormente a Livre-Docência. Foi orientador no Programa de Pós-Graduação: Odontologia Restauradora, em nível de mestrado e doutorado e participou como responsável por atividades de Extensão Universitária do Depto de Odontologia Restauradora, na área de Disfunção Temporomandibular. Recentemente se aposentou na FORP onde atualmente atua como professor convidado nos Cursos de Especialização de Prótese e Ortodontia, sempre ministrando as disciplinas de Oclusão e DTM. Autor do livro “Disfunção Temporomandibular na prática”.

 

Publicado em 26/02/2025.

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