Embalagem e seu acondicionamento em autoclaves
Waldomiro Peixoto - Consultor Técnico Woson
Lembremos dos procedimentos operacionais padrão (POP) preconizados pela RDC 15 da ANVISA mencionados na edição anterior da Revista da APCD. Cada procedimento é um elo de uma corrente, tão importante quanto os outros. A embalagem é um desses procedimentos. Nosso tema, hoje, é embalagem e acondicionamento na bandeja da autoclave. Para mais dicas sobre o tema, acessar o link: https://www.wosonlatam.com.br/a-embalagem-como-barreira-contra-contaminação.
As embalagens utilizadas na Odontologia são barreiras que devem permitir a penetração no envelope do agente esterilizante – o vapor saturado – e, também, a proteção da esterilidade quando da manipulação, transporte, armazenamento e reutilização dos materiais autoclavados.
Existem dois tipos de embalagens: as reutilizáveis, como estojos e contêineres metálicos com válvulas e indicadores químicos, e as descartáveis, como o SMS (Spunbond-Meltblown-Spunbond), cujas folhas são soldadas eletronicamente, com grande resistência mecânica a dobras e manipulação, e PAPEL GRAU CIRÚRGICO (PGS), o queridinho dos Centros de Materiais e Esterilização (CME).
O SMS é muito utilizado em CME’s de hospitais para embrulhar estojos de várias dimensões. Suas características são maleabilidade, baixa liberação de fiapos, resistência mecânica, permeabilidade a vapor, impermeabilidade a líquido, eficiente barreira microbiana, também muito utilizado como proteção de campo cirúrgico. Existem técnicas de embrulhar cargas com SMS que facilitam a abertura asséptica sem tocar manualmente na parte interna da embalagem e no material esterilizado antes de seu uso clínico. Essas técnicas são parte integrante do conceito de barreira. Tais características favorecem o processo de esterilização, manipulação e armazenagem em ambientes hospitalares.
Na Odontologia, o PGC é a barreira mais utilizada para embalagem. Apresenta-se em rolos de várias larguras e comprimentos ou em caixas com envelopes prontos. Possui excelente penetração e passagem do vapor saturado como agente esterilizante, segura barreira microbiana, eficiente resistência mecânica a manipulação e armazenamento, desde que absolutamente seco.
O usuário tem que ficar atento à selagem de PGS porque ele não responde bem a soldas de baixa qualidade. Se o envelope estiver muito cheio, o papel e o plástico tensos, pode haver rompimento da solda e o comprometimento da esterilidade do material. A ABNT preconiza uma faixa mínima de 6mm, que pode não ser eficiente com PGC, por isso as seladoras Woson possuem faixa de solda de 12mm para ampliar a margem de segurança a usuários e pacientes.
A faixa soldada precisa apresentar-se aparentemente lisa, com aderência absoluta em toda a área de contato. Uma atenta inspeção visual pode detectar rugas indicativas de micro dobras na faixa de solda, tornando a carga vulnerável a entrada de micro-organismos e comprometendo a esterilidade do material autoclavado.
Na lateral do PGC há controladores químicos que mudam de cor, cuja finalidade não é indicar se o material foi esterilizado, mas se passou pelo processo de autoclavagem.
Há situações críticas especiais em que se recomenda cuidado redobrado com contaminação, colocando um envelope dentro de outro, para que o de fora proteja o de dentro durante a manipulação, armazenamento, transporte e abertura asséptica no centro cirúrgico.
A abertura da embalagem, no ato do reuso, precisa respeitar a técnica correta, não se recomendando rasgar o envelope pelo fato de soltar pó e favorecer o contato da parte externa contaminada com a parte interna esterilizada.
Sobre validade não existem normas fixas porque inúmeros fatores contribuem para maior ou menor risco de contaminação do material estéril. Técnicas corretas ou não de manipulação, transporte e armazenamento têm muita influência sobre a validade, logo cada CME adota o seu critério de validade do material embalado armazenado.
Acondicionamento dos envelopes, corretamente carregados e soldados, nas bandejas é muito importante. Nossa recomendação é preservar uma área mínima de circulação no entorno de cada envelope para favorecer o processo de esterilização e de secagem.
Se colocado deitado na horizontal, o plástico do envelope deve ficar para baixo. O ideal é utilizar um separador e colocar os envelopes deitados na vertical, de forma a preservar entre envelopes a circulação de vapor e favorecer a secagem.
São dicas importantes: não colocar muito material dentro dos envelopes; não colocar muitos envelopes dentro da bandeja; e não colocar bandejas cheias demais dentro da autoclave. Essas dicas são relevantes quando a secagem da autoclave ocorre com porta aberta, semiaberta, minimamente aberta.
Secagem absoluta somente ocorre com autoclaves a vácuo com porta completamente cerrada. No próximo artigo trataremos de esterilização, processos de secagem, transporte e armazenamento.
Aguardem.
FONTE: Revista APCD Ribeirão
Edição 07/2021
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