Entrevista: Prof. Dr. Rafael Faeda
Fala sobre a Periodontia, a interação com outras especialidades e o ensino
“Uma regra da Odontologia, que nós Periodontistas reforçamos, é de que não adianta os demais esforços nas outras especialidades, restauradores ou reabilitadores, se não houver um dente são”.
A afirmação é do mestre e doutor em Periodontia, Dr. Rafael Silveira Faeda, um apaixonado pela Odontologia e pelo ensino, em entrevista exclusiva à Revista APCD Ribeirão Preto. Destaca que a avaliação periodontal é fundamental antes de qualquer tratamento de outras especialidades. Dr. Rafael Faeda é graduado pela Faculdade de Odontologia de Araraquara-UNESP. É Mestre, Doutor e Especialista em Periodontia pela UNESP – Araraquara. Atua como professor coordenador do curso de Especialização em Implante da APCD – São Carlos, professor de Pós-Graduação da UNIARA – Araraquara, além de professor no Curso de pós-graduação em Implantodontia na Escola de Aperfeiçoamento Profissional da APCD-Ribeirão Preto.
ENTREVISTA EXLUSIVA A REVISTA APCD-RIBEIRÃO
APCD-RP: Como foi o seu envolvimento com a Periodontia?
Dr. Rafael Faeda: A Periodontia foi acontecendo em minha vida acadêmica, mas o que despertou meu interesse pela Periodontia foi perceber a sua conexão com as demais especialidades, não se destina apenas a tratar uma doença periodontal ativa, mas está diretamente ligada as demais especialidades. Uma regra da Odontologia, que nós Periodontistas reforçamos, é de que não adianta os demais esforços nas outras especialidades, restauradores ou reabilitadores, se não houver um dente são. O primeiro quesito para um tratamento é a avaliação periodontal, intervir se o dente está em um processo infeccioso, para depois realizar os demais procedimentos, nas demais especialidades, seja Endodontia, Ortodontia, Dentistica, entre outras.
O mercado hoje exige um profissional multidisciplinar?
Dr. Rafael Faeda: Não necessariamente. Entretanto, para fazer um bom diagnóstico e desenvolver um planejamento, cada vez mais preciso, é fundamental que se entenda o paciente como um todo. Algum tempo atrás a Odontologia foi fracionada em especialidades para que se isolasse cada área, mas de certa forma elas se desconectaram entre sí. Hoje é como se voltássemos um pouco no tempo, como exemplifica o meu pai (Zélio Faeda), de uma maneira simples, ser um dentista raiz, aquele que entende de tudo um pouco, para poder avaliar bem o paciente.
Além da Periodontia, quais as outras especialidades que atua clinicando?
Dr. Rafael Faeda: Atuo com a reabilitação do paciente, regeneração, reconstrução tecidual, desde a parte cirúrgica até a prótese, sempre pensando no paciente como um todo, podendo o tratamento ser feito até em etapas. Atuo na Implantodontia, que há um tempo atrás, focava na estruturado tecido ósseo, no pino e depois em colocar um dente em cima dele, não se preocupando com detalhes que fariam a diferença para reabilitar efetivamente. Hoje fala-se muito em planejamento reverso, planejamento integrado em cirurgia e reabilitação, e em oclusão. Ao fazer a avaliação a pergunta a fazer é porque o paciente está com esse problema? Isso vale para todas as áreas, entendendo a causa, na maioria das vezes, se corrige o fator etiológico, para não acontecer novamente. Enfim, um entendimento global é fundamental para um planejamento integrado de Cirurgia com a Periodontia, Reabilitação e Oclusão, para obtenção de um resultado final desejado. Esse é um diferencial da Odontologia brasileira, pensa de modo mais global, chegando quase a perfeição, dando estabilidade e harmonia ao todo.
O que mudou na Periodontia, nos últimos tempos?
Dr. Rafael Faeda: A principal mudança foi o entendimento da importância da Periodontia dentro do protocolo de tratamento do paciente. Hoje se tem uma visão geral do envolvimento das questões sistêmicas de saúde geral do paciente,as quais podem contribuir para um desequilíbrio na saúde periodontal e evoluir para outras patologias. Por outro lado, uma evolução que se tem em outra ponta da Periodontia é em relação a parte de regeneração tecidual: os enxertos. Continua a busca por produtos, como alternativa ao enxerto conjuntivo, normalmente removido do palato. Esses produtos estão há pouco tempo no mercado, estamos numa curva de aprendizado e as perspectivas são ótimas. Do ponto de vista da regeneração periodontal, busca-se produtos que propiciem ao profissional a regeneração de defeitos infra ósseos de uma maneira mais previsível.
Com a Pandemia a demanda continua grande?
Dr. Rafael Faeda: A Pandemia nos colocou em cenário novo, antes nunca vivido e que esperávamos passasse logo. Acabamos entendendo a proporção que teve e continua tendo no mundo, com tantas paralizações, até mesmo do s cursos. Em meio a tudo isso, estamos procurando acertar, abordando o paciente com cuidado, dando sequência nos tratamentos e atendendo os novos; a demanda continua e alguns problemas aumentaram. O retorno no meu consultório aconteceu devido aos casos de urgências e emergências. Muitos pacientes apareceram com questões periodontais e dentes fraturados, muito ligados as questões de estresse. Por outro lado, como demoraram a buscar atendimento, os casos estão mais avançados do que deveriam estar.
A busca por implantes tem aumentado?
Dr. Rafael Faeda: A busca por reabilitação por implantes tem sido grande. Entretanto, é importante colocar que não é uma obrigação fazer a reabilitação de pacientes, com falta de dente, com implantes. Até porque existem casos da não indicação do implante, casos de limitações anatômicas, de volume ósseo, tecidual ou por questões sistêmicas nos quais são indicados outros tipos de reabilitações. Hoje o implante tem sido a primeira escolha, mas não se deve descartar as outras, a Odontologia é muito ampla e o fundamental é escolher a melhor forma de restaurar cada caso.
E quanto aos cursos, houve interação com os alunos?
Dr. Rafael Faeda: Em relação aos cursos, foi um desafio enorme, dou aula em Ribeirão Preto, São Carlos e Araraquara, com diferentes perfis, graduação, mestrado e especialização. Esse foi um ano atípico, com dinâmicas adaptadas a realidade atual. Ficamos parados, sem atividades presenciais, foi um ano em que tivemos de desenvolver novas habilidades, o ensino a distância foi uma delas. O importante é não parar de se comunicar, continuar o aprendizado e crescimento. Foi o que manteve as aulas on-line muito produtivas. Voltamos as atividades presenciais no momento mais oportuno, atuando com bases solidas e responsabilidade, dando segurança ao paciente, afinal é ele que está lá com a boca aberta, sabendo que o vírus continua a circular e o risco ainda existe.
Como estão sendo desenvolvidos os cursos?
Dr. Rafael Faeda: Com relação a APCD Ribeirão Preto posso dizer que foi uma das entidades que esperou o momento certo para retornar e melhor se adequou para isso, do ponto de vista de estrutura física. A preocupação da diretoria com os pacientes e, óbvio, também com os profissionais foi bastante grande, aproveito aqui para parabenizá-la por isso. Em relação aos nossos cursos estamos seguindo agora presencial, sempre com bons produtos, excelentes empresas parcerias, em cima de indicações clínicas precisas e consolidadas. Neste momento em que vivemos, o mínimo a fazer para o paciente que nos procura é entregar um tratamento seguro, o mais preciso e melhor para ele.
O ensino é gratificante?
Dr. Rafael Faeda: Eu como professor atuo em diferentes níveis, desde com o jovem ainda em formação, começando as atividades clínicas, no meu caso a primeira disciplina clínica, e poder participar dessa fase dos jovens é muito bacana. Dou aula também nos cursos
de pós-graduação,em outra abordagem. Essa troca e a possibilidade de agregar alguma coisa na vida ou carreira das pessoas é algo muito gratificante. Com certeza, a gente aprende muito como pessoa e como profissional. As adesões aos cursos em uma pandemia se deve a esse compartilhamento de paixões, capaz de superar tudo.
Com esse novo normal, qual sua expectativa para 2021?
Dr. Rafael Faeda: Este cenário no qual vivemos agora tende a se manter por algum tempo, nacional e mundialmente. Então, temos de nos adaptar a essa realidade. É momento de ter calma e muita responsabilidade, para continuar a promover saúde. A expectativa é que em 2021 esse cenário mude, é um ano que promete e deverá ser próspero.
Qual sua mensagem deixa para todos da família APCD-RP?
Dr. Rafael Faeda: Que, passando tudo isso, não esqueçamos dos valores despertados em 2020, do cuidado com a saúde, da importância do estar junto, da importância da família, dos parceiros e de valorizar muito mais o ser do que o ter. Das dificuldades vividas que fiquem as lições, tanto pessoais quanto profissionais, que tenhamos sabedoria para seguir com o que de bom criamos. Que estejamos aqui firmes e fortes, junto de quem queremos bem.
FONTE: Entrevista publicada no Informativo APCD-RP, de dezembro de 2020.
Edição 310. Primeiro novo formato, na Revista. APCD Ribeirão Preto.
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