Entrevista: Prof. Dr. André Peruchi Minto

Fala sobre a Dentística Restauradora e seus avanços

É inegável o avanço da odontologia como um todo, especialmente com o advento das técnicas adesivas, passando de uma odontologia mais invasiva para uma odontologia mais conservadora, muito embora, a conservação do elemento dental sempre foi e sempre deverá ser a prioridade dentro da atuação do cirurgião-dentista, juntamente com a recuperação e manutenção da saúde bucal. A afirmação é do prof. Dr. André Marcelo Peruchi Minto.

Prof. Dr. André Minto é Graduado pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - USP. Especialista em Dentística Restauradora - APCD Araraquara. Mestre em Dentística - UNESP - Araraquara e Doutor em Dentística – FOUSP – São Paulo. 

Atua em Clínica Particular, há mais de 30 anos, nas áreas de Dentística Restauradora, Estética e Prótese.

Em entrevista exclusiva para a Revista APCD Ribeirão, Dr. André Minto, fala sobre reabilitação oral, técnicas restauradoras, avanços da Odontologia e sobre o Curso de Dentística Estética e Reabilitadora ministrado na APCD-Ribeirão Preto.

 

A seguir na íntegra as suas colocações do prof. André Minto

 

Revista APCD Ribeirão: Diria que procedimentos e a Odontologia têm evoluído com resultados bem melhores, inclusive com maior longevidade? 
Dr. André Minto: Sim, é inegável o avanço da odontologia como um todo, especialmente com o advento das técnicas adesivas, passando de uma odontologia mais invasiva para uma odontologia mais conservadora, muito embora, a conservação do elemento dental sempre foi e sempre deverá ser a prioridade dentro da atuação do cirurgião-dentista, juntamente com a recuperação e manutenção da saúde bucal. Nesse interim, materiais e técnicas que aumentem a longevidade das restaurações, obviamente implicam em menos substituições por falhas intrínsecas e por conseguinte maior preservação do elemento dental. É um ciclo.

Reabilitar o paciente é desafiador?  Envolve atuação multidisciplinar? 
Dr. André Minto: Todo e qualquer tratamento odontológico visa, de certa forma, reabilitar o paciente. Entretanto, o termo “reabilitação oral” ficou consagrado como aquele tratamento empregado em casos mais complexos e multidisciplinares, sendo, portanto, tratamentos mais longos, trabalhosos e que exigirá atuação integrada entre profissionais de diferentes especialidades ou então que o clínico geral tenha um profundo conhecimento dentro das diferentes áreas de atuação da odontologia.

Um diagnóstico detalhado e um bom planejamento são determinantes de resultado?  
Dr. André Minto: O resultado satisfatório de qualquer procedimento ou tratamento odontológico baseia-se num tripé indissociável composto por exame, diagnóstico e planejamento/plano de tratamento. Sem isso, não se obterá o sucesso desejado. Existem muitas maneiras de se executar o planejamento e o plano de tratamento sequencial, incluindo-se aí os métodos digitais. O exame físico e clínico inclui a etapa onde o profissional emprega todo o seu conhecimento para o correto diagnóstico, através de técnicas de anamnese, inspeção, sondagem, palpação etc. associadas aos exames complementares, onde destacamos os exames por imagem e suas interpretações. Quanto mais complexo for o caso, mais profunda deverá ser esta etapa, antes de qualquer procedimento. Somente as urgências são realizadas previamente à esta etapa.

Atualmente as pessoas sonham com resultados mais naturais possíveis. Isso tem acontecido? 
Dr. André Minto: Na odontologia contemporânea, a associação dos materiais e técnicas restauradoras estéticas proporcionam numerosas possibilidades e alternativas para se obter um resultado que expresse naturalidade. A parte mais difícil é tentar conciliar o que o paciente entende como sorriso natural aquilo que a odontologia pode oferecer, aquilo que o profissional entende por naturalidade e a expectativa e previsibilidade do resultado. Dentro desse contexto é muito mais fácil quando o paciente diz que deseja os dentes mais brancos possíveis. Daí não tem erro....(risos).

Quanto as técnicas restauradoras de dentes posteriores, tem incorporados novos conceitos e  novos materiais? 
R: Tanto as restaurações diretas como as indiretas em dentes posteriores vêm evoluindo na mesma proporção que em que surgem novos materiais e novas técnicas adesivas. Destacamos aí as matrizes para restaurações diretas, os adesivos universais e as resinas tipo “bulk-fill” para restaurações diretas, e também os sistemas cerâmicos para injeção e fresagem, onde podemos optar por diferentes técnicas de confecção (convencional, digital ou mista).

E quanto as restaurações diretas e indiretas anteriores, também caminha nesta linha?  
Dr. André Minto: Para os dentes anteriores, a linha de atuação é a mesma no que tange às restaurações indiretas, e para as restaurações diretas, destacamos a evolução das resinas compostas, onde a presença da nanotecnologia se faz de forma marcante, produzindo materiais onde se obtém resultados estéticos com maior facilidade e naturalidade.

Os clareamentos dentais continuam em alta? 
Dr. André Minto: Os procedimentos de clareamento dental ainda estão em alta. É a técnica estética mais conservadora que temos. Da mesma forma, temos que ter em mente que o clareamento não é um procedimento totalmente inócuo e que problemas como sensibilidade persistente, são indicativos de que o procedimento está sendo agressivo. Cabe ao profissional monitorar o paciente e estabelecer as técnicas e materiais corretos para cada caso, assim como, ponderar com o paciente a expectativa e previsibilidade do resultado.

Tudo isso deve as indústrias que investem em pesquisas e lançam novos produtos. Mesmo neste ano com a Covid 19 esses avanços continuam? 
Dr. André Minto: O avanço industrial nunca cessa. Para nós também. A vida não para, especialmente em se tratando da área da saúde. Apesar do nome “saúde”, profissionais dessa área trabalham em cima de “doenças” físicas e psicológicas também. Apesar do momento, é preciso encarar que as dificuldades nos tornam mais fortes.

A Reabilitação estética e restauradora, hoje, envolve, inclusive, a Harmonização Oro Facial? 
Dr. André Minto: A Harmonização Oro-Facial (HOF) é uma arma poderosíssima na reabilitação da estética e atrai um número cada vez maior de pacientes e profissionais. É um campo aberto e em plena ascensão. Da mesma maneira existe um número crescente e noticiado, de casos de insucessos. Penso que a HOF deva ser encarada como uma nova especialidade, pois o profissional CD que realiza o procedimento, deveria também saber como revertê-lo ou corrigi-lo nos casos de insucessos. É aí que se abre o debate com a classe médica. Portanto, conhecimento e preparo são fundamentais para a formação do profissional, onde não deve haver espaço para aventuras.

Tudo isso é abordado no seu curso de Dentistica Estética Restauradora ministrado na APCD Ribeirão Preto?
Dr. André Minto: O curso ministrado pela nossa equipe na APCD visa proporcionar à classe odontológica uma modalidade de ensino de extensão onde são contempladas atividades clínicas e teóricas na especialidade de odontologia estética em conjunção com especialidades afins, apresentando aos integrantes as mais recentes técnicas utilizadas em clínica restauradora. O programa é extensivo e envolve de maneira global todos os procedimentos estéticos diretos e indiretos, bem como a apresentação e discussão de materiais e técnicas restauradoras, bem como a aplicabilidade das mesmas.

Quais os diferenciais do Curso? Conteúdos complementares?
Dr. André Minto: O grande diferencial do curso é fazer com que o participante possa tirar muito mais daquilo que ele já possui. Não exigimos materiais, instrumentos e procedimentos mirabolantes. Fazemos com que o aluno entenda que o aprimoramento técnico é o grande segredo, pois de nada adianta o melhor e mais caro material se a execução for mal trabalhada. Trazemos como conteúdo complementares a revisão e a apresentação de conceitos relacionados com as especialidades afins, de modo que o trabalho na odontologia restauradora estética não seja dissociado das demais áreas da odontologia. Tudo é encarado de maneira integrada.

Mais de um ano de Pandemia, das experiências vividas, o que leva para o programa da próxima turma? 
Dr. André Minto: A pandemia vem interferindo diretamente no trabalho do CD. Entretanto, novamente a informação é a melhor arma nesse momento para que o profissional não se deixe levar pelas notícias da mídia fatalista e política, até porque essa situação irá passar. Cabe ao profissional da área da saúde saber como atuar de maneira segura, passando confiança para os seus pacientes que necessitam de atendimento. E não se faz isso se trancando em casa e sim atravessando o furacão de maneira segura e competente, imbuído de racionalidade, foco, força, fé e conhecimento. Não podemos nos acovardar e sim enfrentar.

Diante da realidade atual de pandemia no mundo todo, quais suas expectativas para o futuro a curto e médio prazo? 
Dr. André Minto: Só se chega ao futuro vivendo um dia depois do outro, de maneira consciente e serena. Às vezes, o próprio profissional é aquele que contribui para denegrir a própria imagem e a própria carreira. Um exemplo disso é aceitar de cabeça baixa quando as autoridades odontológicas lançam a odontologia como atividade de alto risco e recomendam somente o malfadado “atendimento de urgência”. O que é urgente para o paciente? Por outro lado, vimos recentemente o HC abrindo processo seletivo para que o CD pudesse atuar na área de pacientes com COVID. Quem está valorizando quem? Então, de novo: O futuro a longo e médio prazo cabe a quem encara a pandemia com a responsabilidade devida para um atendimento seguro e eficaz. 

FONTE: REVISTA APCD RIBEIRÃO 
EDIÇÃO 316 - JUNHO 2021

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