Qual a importância do isolamento absoluto na Endodontia? Quais técnicas e modificações possíveis?

Eloá C Bicego-Pereira, Emelly de Aveiro, Vito Madio Chiarelli Neto, Ezequiel Gabrielli, Brenda P F A Gomes

Qual a importância do isolamento absoluto na Endodontia? Quais técnicas e modificações possíveis?

A desinfecção do sistema de canais radiculares é um dos principais objetivos do tratamento endodôntico. O isolamento absoluto minimiza o risco de contaminação por bactérias indígenas (AAE, 2017), sendo um pré requisito essencial para o sucesso do tratamento endodôntico (Ahmed et al, 2014).

O isolamento absoluto deve ser empregado em todos os casos de tratamento endodôntico, sendo a não utilização considerada uma negligência profissional, podendo contaminar a cavidade pulpar e canal radicular com a microbiota oral (Tabela 1) (Mackenzie, 2020). A não utilização de isolamento absoluto indica que o dentista não compreende a microbiologia do processo da doença e a sua importância na manutenção de um ambiente asséptico (Alrahabi et al, 2019).

Além disso, a ingestão ou inalação de instrumentais podem causar acidentes fatais, sendo necessário manejo com cautela por médicos (Bondarde et al, 2015; Naderian et al, 2022).

O isolamento absoluto foi criado por Sanford Christie Barnum, em 1864, com a necessidade de evitar a corrosão do material pela saliva. Desde então, a técnica e os materiais foram aprimorados, e amplamente indicados, visto que melhora a visibilidade, assepsia e ausência de saliva (Cochran et al., 1989).

A utilização de isolamento durante procedimentos em crianças reduz o estresse delas, pois elimina algodões, sugador e reduz o campo operatório nos lábios, bochecha e língua, fazendo assim os pacientes se relaxarem e até dormirem (Vanhée et al., 2021). Além de crianças que não cooperam ou especiais, são mais suscetíveis a deglutir ou aspirar instrumentos durante o atendimento (Hodges et al., 1992).

Muitas razões infundadas são citadas para sua falta de uso, incluindo preocupações com a aceitação do paciente, tempo necessário para aplicação, custo de materiais, treinamento insuficiente. No entanto, o treinamento do profissional e a aceitação do paciente são uma demonstração de melhores práticas, pela segurança oferecida, além do custo que gira a partir de R$2,00 por paciente, o que não justifica sua não utilização (Ahmad, 2009). A mensagem deve ser sem isolamento absoluto, sem tratamento de canal (Webber, 2017).

A deficiência no tratamento endodôntico está ligada a ausência do isolamento absoluto, sendo que em levantamento de serviço público, apenas 19% obtiveram um tratamento adequado, e 28,9% utilizaram o isolamento absoluto (Leinonen & Vehkalahti, 2021).

Para a realização de um isolamento absoluto precisamos de arco de Östby, perfurador de borracha (Ainsworth), pinça porta grampos (Palmer), lençol de borracha, espátula nº1, fio dental, resina fotopolimerizável, monômero, cianoacrilato, grampo específico para o dente. (Figura 1)

A procura pela otimização do isolamento absoluto gerou a necessidade de modificar a radiopacidade do grampo, diferentes modelos de grampo e suas modificações, diferentes espessuras e cores do lençol de borracha, além de técnicas de modificação do isolamento absoluto (Figura 2).

A escolha do grampo ideal é diretamente proporcional a otimização da técnica, sendo o grampo metálico o mais utilizado, com melhor estabilidade e retração gengival, no entanto em radiografia sobrepõe algumas informações necessárias (Cunha et al, 2022). Sendo assim, grampos radiolúcidos foram criados, para facilitar as radiografias intra operatórias (Figura 3).

 

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Alrahabi M, Zafar MS, Adanir N. Aspects of clinical malpractice in Endodontics. Eur J Dent 2019: 450-8.
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Revista APCD Ribeirão
Edição: dezembro 2022


Publicado em 21/12/2022.

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