Pré molar inferior. Variações na anatomia do canal, instrumentação e obturação incompletas são as causas substanciais no insucesso do tratamento endodôntico

Por Eloa Cristina Bicego Pereira, Emelly de Aveiro e a Profa. Dra. Brenda Paula F. A. Gomes

Pré molar inferior. Variações na anatomia do canal, instrumentação e obturação incompletas são as causas substanciais no insucesso do tratamento endodôntico

A Endodontia necessita do completo debridamento e obturação dos canais radiculares, e isto não é possível sem o adequado conhecimento sobre a morfologia da raízes e anatomia do canal radicular , desde o correto diagnostico até a negociação de todos os canais radiculares. Variações na anatomia do canal, instrumentação e obturação incompletas são as causas substanciais no insucesso do tratamento endodôntico(1). Ingle afirma que os prés-molares inferiores são os mais complexos e desafiadores para tratarmos. Assim como, os flare-ups, retratamentos e insucessos são relacionados as variações na morfologia do canal radicular.

Uma típica descrição dos pré-molares inferiores são dentes com canal radicular único, mais amplo vestíbulo-lingual do que mésio-distal com dois cornos pulpares, cervicalmente ovalado e apicalmente redondo. Vertucci e Gulabiwala classificaram a morfologia dos prés-molares como 97,5% dos segundos prés-molares inferiores e 74% dos primeiros prés molares inferiores, como canais únicos (1).

 

 

Figura 1. Classificação dos tipos de anatomia interna dos prés-molares inferiores, de acordo com Vertucci.

 

O canal radicular não tratado pode resultar na presença persistente de micro-organismos e subprodutos dentro do canal, contribuindo para o insucesso do tratamento. Em estudo da população brasileira, a maior prevalência foi de raiz única e canal único, tipo I de Vertucci. No entanto houve incidência de 33,40% de dois ou mais canais, tipos II a VIII. Esta ocorrência foi identificada de 76,92% e 60,52% bilateral em primeiros e segundos prés-molares inferiores (2). A idade do paciente pode estar relacionada as alterações nas morfologias do canal radicular ao longo da vida do indivíduo, com diferentes tipos de canais, sendo impactos pelo acúmulo gradual de dentina secundária.

A tomografia computadorizada cone-beam (TCCB) tem sido utilizada na investigação da anatomia tridimensional sem destruição do dente, sendo viável sua utilização na prática clínica, visto que a sobreposição dos condutos na radiografia convencional dificulta seu diagnóstico preciso.

 

 

Na figura 2, temos as diferentes anatomias dos prés-molares inferiores, tanto como canais únicos, como dois canais independentes e que terminam em único canal. As radiografias dos casos clínicos L-N e P-Q evidenciam que houve insucesso do tratamento pela permanência da infecção endodôntica.

Visto que a maior parte dos pré molares inferiores apresentam canal único , este será localizado no centro do sulco central, paralelo ao longo eixo do dente, ou seja, facilmente localizado. No entanto quando houver bifurcações, as dificuldades existirão, se for realizado uma boa forma de conveniência, e sabendo que as bifurcações ocorrem, sendo um canal na vestibular e outro na lingual, que são mais relacionados com coroas de tamanho maior (3).

Análises sobre os aspectos morfológicos dos prés-molares inferiores mostram que na população brasileira há uma prevalência de 67% de canais em formato de C, presentes no terço médio, e há uma prevalência de deltas apicais no terço apical (3).

 


 Figura 3. Caso clínico de 2º pré-molar inferior (45), com condutos independentes, evidenciados com as limas e radiografia de confirmação com as limas.
 



Figura 4. Caso clínico do 1º pré molar inferior (34), com 3 condutos em terminação em único conduto, evidenciados em radiografia de confirmação com as limas, e microscopia operatória.

 

Referências bibliográficas
1-    Ingle JI, Bakland LK, Baumgartner JC. Textbook of Endodontics 6th ed. Hamilton BC Decker 2008.
2-    Costa GB, Souza-Gabriel AE, Silva RG, Savioli RN, Cruz-Filho AM. Estudo da morfologia do canal radicular de pré-molares inferiores por meio de tomografia cone-beam, na sub população brasileira. Revista odontológica brasileira central 2024 33: 102-15.
3-    Ordinola-Zapata R, Monteiro Bramante C, Minotti PG, Cavenago BC, Gutmann JL, Mondauer BI, Versini MA, Duarte MAH. Micro CT evaluation of C-shaped mandibular first premolars in a Brazilian subpopulation. International Endodontic Journal 2015; 48: 807-13.


Publicado em 25/02/2025.

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