Científica: Iatrogenias são possíveis de serem prevenidas?
Artigo de Eloá Cristina Bicego-Pereira, Emelly de Aveiro, Brenda Paula Figueiredo de Almeida Gomes
A análise de quando e por que a Endodontia falha auxilia os clínicos no prognóstico e melhora os índices de sucesso dos tratamentos. Podem impactar no índice de sucesso, complicações como: perfurações, formação de degrau, fratura de instrumentos, canais não tratados, obturações deficientes, restaurações insuficientes. Sendo assim, quando ocorrer situações como estas, o paciente deve ser informado para monitorar o problema gerado.
A alta prevalência de periodontite apical após o tratamento endodôntico está relacionada a qualidade do tratamento endodôntico, qualidade do selamento coronário e canais não tratados. A falha na obturação é reflexo de uma má instrumentação, ou seja, de uma limpeza e modelagem adequada do conduto radicular. No entanto, a ausência de selamento coronário está relacionada a causa lesão periapical em 93% dos casos, visto que todos os materiais provisórios inseridos na cavidade depois do tratamento endodôntico geram infiltração. Ressaltando a importância do selamento coronário tanto quanto a uma boa obturação endodôntica.
Canais não tratados impactam significantemente na falha do tratamento endodôntico quando analisados em 5 anos, sendo assim é importante que se localize e trate todos os canais durante o tratamento inicial. A maioria dos canais não tratados estão nos molares superiores, sendo o segundo canal mésiovestibular o principal não localizado.
Além disso, os acidentes durante procedimentos endodônticos e protéticos podem acontecer a todo momento, no entanto um dos maiores riscos é o de perfuração, um contato artificial entre o dente e o tecido de suporte, impactando substancialmente no índice de sucesso, com 80,55%, por poder gerar uma resposta inflamatória e perda dentária.
A presença de calcificações no canal radicular pode facilitar a não centralização do preparo radicular, podendo ser gerados por trauma dentário ou outro estímulo que estimulam a aposição de dentina, e a resposta pulpar pode gerar periodontite apical ou pulpite. Tornando-se desafios para clínicos gerais e mesmo para especialistas bem equipados.
Para evitar perda excessiva de estrutura dental e perfuração, houve a introdução de guias endodônticos, utilizando a imagem da tomografia computadorizada e o scaneamento digital, sobrepondo as imagens, planejando a localização e sentido da broca para a abertura coronária. Hoje em dia, a remoção de pinos de fibra de vidro está sendo preconizada com o guia endodontico, para facilitar a remoção, evitar desgastes na dentina radicular e sem perfurações durante a realização do procedimento.
O selamento de uma perfuração pode-se fazer necessária intervenções cirurgicas ou não cirurgicas, dependendo da severidade da perfuração. Materiais como Agregado de trióxido mineral (MTA) e biodentine são os mais utilizados para o selamento de perfuração, dependendo da localização da perfuração.
Acidentes como fratura de instrumentos são desafiadoras principalmente pela desinfecção adequada, manutenção do canal patente, potencialmente afetando o índice de sucesso do tratamento e relacionando a chance de perda do dente. A principal causa de fratura de instrumentos está relacionada a fadiga do instrumento pelo número de usos. A remoção dos instrumentos é complexa podendo gerar desgastes excessivos na dentina radicular.
Conclui-se que canais não tratados, perfurações, obturações deficientes, restaurações insuficientes, fratura de instrumentos, são relacionados ao insucesso do tratamento endodôntico, e deve-se analisar durante o tratamento a sua capacitação para o caso clínico em questão. A prevenção é a melhor opção para melhorar o índice de sucesso dos casos complexos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Baruwa AO, Martins JNR, Meirinhos J, Pereira B, Gouveia J, Quaresma SA, Monroe A, Ginjeira A. The influence of missed canals on the prevalence of periapical lesions in endodontically treated teeth: A cross-sectional study. J Endod 2020; 46(1): 34-9.
Bhuva B, Ikram O. Complications in Endodontics. Prim Dent J 2020 9(4): 52-8.
Farajollahi M, Dianat O, Gholami S, Tahan SS. Application of an endodontic static guide in fiber post removal from a compromised tooth. Case Rep Dent 2023 15: 2023: 7982368.
Gomes MS, Vieira RM, Bottcher DE, Plotino G, Celeste RK, Rossi-Fedele G. Clinical fracture incidence of rotary and reciprocating NiTi files:A systematic review and meta-regression. Aust Endod J 2021; 47(2): 372-85.
Jang YE, Kim Y, Kim SY, Kim BS. Predicting early endodontic treatment failure following primary root canal treatment. BMC Oral Health 2024 24(1): 327.
Krug R, Schwarz F, Dullin C, Leontiev W, Connert T, Krastl G, Haupt F. Removal of fiber posts using conventional versus guided endodontics: a comparative study of dentin loss and complications. Clin Oral Investig 2024; 28(3): 192.
Leontiev W, Connert T, Weiger R, Dagassan-Berndt D, Krastl G, Magni E. Guided endodontics: three-dimensional planning and template-aided preparation of endodontic access cavities. J Vis Exp 2022 24(183).
Mungekar-Markandey S, Mistry L, Jawdekar A. Clinical success of iatrogenic perforation repair using mineral trioxide aggregate and other materials in primary molars: A systematic review and meta-analysis. Int J Clin Pediatr Dent 2022; 15(5): 610-6.
Panchal S, Chandak M, Bhopatkar J, Agrawal P, Gupta A, Pankey N. Repair of iatrogenic furcal perforation with mineral trioxide aggregate: A case report. Cureus 2024; 16(6): e62035.
Suryawanshi T, Chandak M, Patel A, Ikhar A, Sedani S, Jidewar NP, Hirani P, Agrawal P. Amangement of a case of a large perforation repair with biodentine. Cureus 2024 16(6): e62020.
Artigo publicado na Revista APCD Ribeirão
Edição de agosto 2024.
Publicado em 19/08/2024.
Radiografia Panorâmica em Odontopediatria
Fonte: Blog Dose de Sabedoria uma publicação da equipe de radiologistas da Radiologia Odontológica Jardim: Dra. Ana Luisa Riul, Dr. Luis Fernando Jardim e Dra. Patrícia Jardim
A evolução da Tomografia Cone Beam a favor da Endodontia
Fonte: Blog Dose de Sabedoria, uma publicação da equipe de radiologistas da Radiologia Odontológica Jardim: Dra. Ana Luisa Riul, Dr. Luis Fernando Jardim e Dra. Patrícia Jardim
Científica - Rinossinusite Crônica
Rinossinusite crônica (RSC) é caracterizada por inflamação da cavidade nasal e seios paranasais por um tempo maior e igual há 12 semanas consecutivas
(16) 3630-0711