Avaliação Pré-Cirurgica em Implantodontia
Fonte: Blog Dose de Sabedoria , uma publicação da equipe de radiologistas da Radiologia
Odontológica Jardim: Dra Ana Luiza Riul, Dr. Luis Fernando Jardim e Dra. Patrícia Jardim.
Conceitualmente, radiografia panorâmica é a técnica radiográfica mais utilizada para o planejamento de implantes devido à habilidade do cirurgião-dentista em visualizar a presença ou ausência de dentes ou implantes em região de maxila e mandíbula. Ela apresenta boa identificação de pontos, retrata áreas da face como maxila, mandíbula e a metade inferior dos seios maxilares em uma única imagem, fator que também influencia na escolha desta técnica pelo profissional. Porém, esta radiografia apresenta como desvantagem sua distorção, podendo variar de acordo com o fabricante do equipamento, de cerca de 20% na horizontal e 10% na vertical, o que pode comprometer o tratamento se não for considerada.
Com o avanço da tecnologia, essa distorção foi mitigada pelo surgimento da tomografia computadorizada cone beam (TCFC). Essa é uma técnica de captura das imagens do corpo em fatias ou cortes e possibilita a manipulação da imagem em três planos (axial, coronal e sagital), permitindo a obtenção de volume da área de estudo. Registra de maneira clara objetos localizados dentro de determinado plano e permite a observação da região selecionada com mínima ou nenhuma sobreposição de estruturas. As vantagens da TCFC para o cirurgião-dentista são a ausência de sobreposição por anatomia sobrejacente, facilidade de manipular e ajustar a imageme maior sensibilidade na diferenciação de tipos de tecidos.
Misch, em 2006, descreveu que para implantes unitários a tomografia computadorizada pode ser até dispensável, já que a radiografia panorâmica associada a um guia radiográfico pode apresentar custo e tempo inferior para obtenção sem grande comprometimento do resultado. Entretanto, devido a evidências observadas pelos diversos estudos e na prática da clínica radiológica, destacamos que o custo e o tempo para se obter o exame de tomografia tornam-se irrelevantes quando buscamos avaliação criteriosa e fidedigna. Assim, a TCFC proporciona maior segurança aos profissionais durante o planejamento e execução do ato cirúrgico.
Para ilustrarmos o assunto decorrido exemplificamos um caso em que a paciente realizou a tomografia cone beam para planejamento na mandíbula e foi solicitado pelo cirurgião dentista radiografia panorâmica para um estudo geral do complexo maxilomandibular. Na imagem 1, visualizamos a região posterior esquerda da mandíbula com mensuração (em vermelho) e traçado anatômico (em laranja). Enquanto que a imagem 2 refere-se à mesma região, porém com mensuração realizada pelo software E-vol DX através para analisar imagens adquiridas pelo tomógrafo cone beam.
Imagem 1 - (Panorâmica) Corte segmentada de radiografia panorâmica do lado esquerda da mandíbula.
Imagem 2 - (TCFC) Cortes oblíquos da região posterior esquerda da mandíbula, que indicam mensuração vertical e horizontal do rebordo osso alveolar remanescente.
Na imagem 3, visualizamos a região posterior direita da mandíbula com mensuração (em azul) e Traçado Anatômico (em laranja). Enquanto que a imagem 4 refere-se a mesma re
Imagem 3 - (Panorâmica) Corte
segmentada de radiografia panorâmica do lado direito da mandíbula.
Imagem 4 - (TCFC) Cortes oblíquos da região posterior esquerda da mandíbula, que indicam mensuração vertical e horizontal do rebordo osso alveolar remanescente .
Com os cortes oriundos da tomografia cone beam é possível verificar a mensuração horizontal, ou seja, realizar a medida da tábua óssea vestibular a lingual, além da visualização clara da estrutura anatômica do canal mandibular, que apresenta descorticalização.
Podemos averiguar que nas áreas analisadas houve uma diferença na medida vertical em relação às diferentes técnicas de aquisição de imagem. Essa diferença pode acontecer pela desvantagem do processo de distorção da radiografia panorâmica.
Apesar das duas técnicas serem utilizadas com embasamentos científicos, recomenda-se a análise cuidadosa de cada caso para a definição do melhor meio de captura de imagem para o procedimento cirúrgico. A utilização da tomografia computadorizada cone beam para procedimentos de Implantodontia fornece imagens muito próximas do tamanho real, o que torna o procedimento mais preciso e mais seguro, com custo benefício compensatório.
FONTE : Revista APCD Ribeirão Preto
Edição 315 – maio 2021
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