Secagem de Material
Há muitas perguntas a respeito pelos profissionais que atuam nas CME’s – Centrais de Materiais e Esterilização,
Este é um tema recorrente e há muitas perguntas a respeito pelos profissionais que atuam nas CME’s – Centrais de Materiais e Esterilização dos consultórios, clínicas, postos de saúde, laboratórios e hospitais.
Comecemos com um princípio: “pacote (ou envelope) molhado ou úmido é pacote contaminável.”. Ninguém quer que o material, uma vez esterilizado, se recontamine por ‘n’ motivos: perda de trabalho, resserviços, mais gasto com material de embalagem e, o pior deles, risco de infecção em profissionais e pacientes. Se o objetivo é manter a esterilidade do material autoclavado, o pacote tem que sair completamente seco de dentro da autoclave. A norma é: secar ou secar.
Para melhor entender, consideremos inicialmente a constituição do papel grau cirúrgico, o campeão das embalagens e o “queridinho” nas CME’s.
Ele se constitui de 2 lâminas. De um lado, o filme transparente; do outro o SMS composto de 3 películas de spunbond-meltblown-spunbond. Portanto, este laminado tri-tecido possui 3 mantas de filamentos aleatórios unidas termicamente.
Compõe-se de fibras 100% polipropileno de estrutura plana, flexível e porosa e sua tecnologia spunbond resulta em 2 lâminas com estrutura mecanicamente resistente e 1 lâmina – o meltblown – com estrutura e barreira microbiana de até 3 µ para reter microrganismos e outros elementos iguais ou acima dessa medida.
Quando úmido ou molhado, o meltblown abre a trama para entrada do agente esterilizante – o vapor – e quando seca, ele fecha a trama e volta à sua estrutura original, barrando elementos iguais ou maiores que 3 µ. Se sair da autoclave úmido, a trama permanece aberta e permite entrada e saída de micro-organismos, daí o risco da recontaminação.
Como fazer para evitar que isso ocorra?
1. Conheça a autoclave que você estiver usando: gravitacional N ou S ou pré vácuo B. Elas entregam resultados de secagem diferentes.
2. Na gravitacional (as autoclaves mais comuns no mercado) deve-se colocar o envelope com a lâmina transparente para baixo e a lâmina de SMS para cima, para favorecer a retirada do vapor de dentro do pacote durante o processo de secagem.
3. Não encher o envelope de forma que seu tecido fique tenso a ponto de romper durante o processo de esterilização.
4. Proteger pontas e cortes dos instrumentos para não causar danos na embalagem durante a manipulação e processo de esterilização.
5. Não encher em demasia as bandejas e deixar sempre espaço entre os pacotes para favorecer a circulação do vapor e o processo da secagem.
6. Uma técnica de acondicionamento muito recomendada é colocar os pacotes deitados na posição vertical (não chapados na bandeja) utilizando um separador para que a circulação de vapor entre pacotes seja mantida. Este separador facilmente se encontra em dentais e cirúrgicas.
7. Quando colocados na posição vertical, respeitar a ordem plástico-plástico e sms-sms, porém separados.
8. Seguir as instruções de secagem do fabricante. Autoclave que seca com “porta aberta” nunca tem secagem absoluta. Deve-se dar preferência para autoclaves que sequem com “porta fechada”.
9. Nas autoclaves com pré-vácuo, deve-se colocar o envelope com a lâmina transparente para cima e a lâmina de SMS para baixo. Por trabalharem com pressão negativa, e fazerem secagem pela força do vácuo, na posição sms para baixo, mesmo que os pacotes estejam se tocando, a umidade é mais facilmente retirada, obtendo-se a secagem absoluta.
10. Para manter a esterilidade do material pós-secagem, as autoclaves pré-vácuo B são altamente recomendáveis e transferem muito mais segurança ao profissional e paciente.
11. Quando do acondicionamento de material em estojos, estes devem ser obrigatoriamente perfurados e seu acondicionamento na bandeja da autoclave deve respeitar uma distância mínima entre eles, principalmente nas gravitacionais.
12. No caso de uso de contêineres, seguir as instruções do fabricante destes a respeito da secagem. Lembramos que, neste caso, as autoclaves pré-vácuo B são as mais recomendáveis.
13. “É proibido o uso de caixas metálicas sem furos para esterilização, embalagens de papel kraft, papel toalha, papel manilha, papel jornal e lâminas de alumínio, bem como embalagens tipo envelope de plástico transparente não destinadas ao uso em equipamentos de esterilização” e “É proibido o uso de tecido de algodão como embalagem, quando este estiver com remendos ou cerzidos, com perfurações, rasgos, desgaste do tecido ou outra condição que comprometa a função de barreira.” (Anvisa).
14. Por fim, não esquecer que a lavagem, embalagem e selagem corretas também têm relação direta com a manutenção da esterilidade dos materiais. Nunca é demais lembrar que a secagem é parte de um protocolo de procedimentos recomendados pela Anvisa em sua RDC 15, cuja objetivo maior é controlar a infecção nos ambientes de tratamento da saúde e preservar a saúde tanto dos profissionais como dos pacientes, responsabilidade de todos nós.
A Woson deseja que este ano de 2022 seja de superação e que as lições que aprendemos sejam importantes para melhorar a qualidade de vida de todos.
FONTE: Revista APCD Ribeirão
Edição de janeiro de 2022
Publicado em 21/01/2022.
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