Medicamentos e a saúde bucal: entenda a relação e as consequências
Especialistas das câmaras técnicas do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) explicam sobre os impactos dos medicamentos
Os Medicamentos são muito importantes para a manutenção da saúde das pessoas, mas muitos deles podem causar efeitos negativos na saúde bucal. Especialistas das câmaras técnicas do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) explicam sobre os impactos dos medicamentos.
ODONTOGERIATRIA
Denise Tibério, presidente da Câmara Técnica de Odontogeriatria do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo, relata que o paciente idoso possui cavidade bucal “envelhecida”, que requer cuidado e atenção - principalmente quando o assunto é medicação, pois remédios ácidos, como o AAS, se não deglutidos, podem permanecer na mucosa frágil, levando a lesões.
Diminuição do fluxo salivar é o efeito colateral mais comum de medicamentos como diclofenaco, omeprazol e atenolol, entre outros. Porém, há também medicamentos que aumentam o fluxo salivar, como é o caso do alprazolam e da rivastigmina.
O aumento do tecido gengival também é um efeito que pode ocorrer em quem toma nifedipina e anlodipino. Quem sofre de candidíase precisa fazer uso de corticosteroide, que também pode afetar a cavidade bucal.
É preciso citar, além disso, os efeitos colaterais na língua, como glossite e a discinesia tardia, como efeito de alguns medicamentos.
O tratamento é específico para cada caso. Às vezes, em conversa com o médico, é possível trocar de medicação. É importante realizar uma avaliação multidisciplinar a fim de diminuir o desconforto do paciente.
“Envelhecer no nosso país é adoecer, o que faz com que os idosos de hoje tenham comorbidades e, com isso, façam uso de polifarmácia de uso contínuo, afetando a cavidade bucal”, esclarece a profissional.
IMPLANTODONTIA
Para pacientes que vão realizar implantes de dentes, é necessário fazer a anamnese para conferir se estão aptos a realizar o procedimento. A Dra. Sumaia Zoghbi, presidente da Câmara Técnica de Implantodontia do CROSP, explica que o profissional deve se atentar às medicações que o paciente está utilizando ou utilizou nos últimos anos antes de qualquer procedimento. Também é importante notar os medicamentos antireabsortivos ou antiangiogênicos, como os bifosfonatos utilizados para tratar câncer e osteoporose. Estes medicamentos podem provocar a osteonecrose dos maxilares, segundo a especialista. A osteonecrose dos maxilares consiste na exposição de osso necrótico e o seu tratamento consiste no desbridamento (remoção cirúrgica) do tecido necrosado e infectado, além da utilização de antibioticoterapia e enxaguantes bucais.
“O indicado seria fazer uma avaliação odontológica, principalmente sobre a necessidade de algum procedimento invasivo antes de começar o tratamento com bifosnofatos e estimular uma boa higiene oral e cuidados preventivos regulares para prevenir a necessidade de futuros procedimentos odontológicos”, afirma a especialista.
PERIODONTIA
O presidente da Câmara Técnica de Periodontia do CROSP, Dr. Marcelo Cavenague, esclarece que é necessário entender que o dente é formado bem antes de aparecer na boca, e que é somente neste período de formação que ele pode ter sua estrutura alterada por algum fator externo.
“Existe uma lenda urbana de que tomar antibiótico aos 30 anos de idade vai enfraquecer os dentes - isso definitivamente não existe. Esta lenda urbana especificamente tem origem nos anos 60, quando o antibiótico Tetraciclina foi muito usado em pediatria neonatal e muitas crianças começaram a apresentar dentes acinzentados. Tais dentes não são mais frágeis ou suscetíveis à cárie, porém, têm a cor bastante acinzentada”, explica o especialista.
Uma série de medicamentos pode influenciar na saúde bucal, afetando a produção de saliva. O que causa a boca seca são medicamentos como os anti-histamínicos, antidepressivos, antieméticos, anti-hipertensivos, antiparkinsonianos, antiespasmódicos, antipsicóticos e sedativos. Apesar deste efeito colateral, não se deve abandonar qualquer medicamento prescrito sem autorização profissional.
ODONTOPEDIATRIA
Medicações podem afetar a saúde bucal das crianças. Conforme explica a Dra. Patricia Georgevich, presidente da Câmara Técnica de Odontopediatria do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), o uso prolongado de antibióticos pode modificar os tecidos cálcicos dos dentes, e resulta em manchas amareladas ou acinzentadas. A profissional ressalta que é importante manter uma boa higienização após o uso de medicamentos, incentivando a escovação dos dentes com o complemento de fio dental. Para o fortalecimento dos dentes é importante manter uma alimentação saudável, realizar aplicação de flúor com orientação do cirurgião-dentista e, em alguns casos, aplicação de selante dentário. “Os xaropes indicados para tosse e medicamentos que são compostos por altas doses de açúcares, na forma de líquido, podem desestabilizar o pH da boca, e aumentar as chances de cáries - alterando, assim, a saúde bucal da criança”, explica a especialista.
A odontopediatria tem como objetivo auxiliar os pacientes a prevenir e minimizar os danos da saúde bucal das crianças. Consultas frequentes ao Odontopediatra ajudam na identificação precoce de alterações na saúde bucal.
DTM E DOR OROFACIAL
Alguns medicamentos podem aumentar o risco de apresentar como efeito colateral o bruxismo, como é o caso de determinados grupos de antidepressivos, anticonvulsivantes, fenetilaminas (anfetaminas e metilfenidato) e antipsicóticos. A presidente da Câmara Técnica de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial, Prof.Dra. Maria de Lourdes Accorinte, adverte, entretanto, que, caso seja necessário o uso do medicamento, ele nunca deve deixar de ser usado e que seja encontrado um especialista em DTM e dor orofacial caso haja sintomas de bruxismo.
“O especialista poderá indicar, se necessário, a melhor maneira de realizar o controle deste bruxismo através de dispositivos intraorais e técnicas de biofeedback”, esclarece a especialista, que indica, ainda, conversar com um médico sobre quais as melhores alternativas para o controle deste bruxismo.
A profissional explica que o bruxismo pode causar riscos à saúde orofacial, como fraturas de restaurações e próteses, desgastes dentários, lesões na língua, bochechas, dor muscular na face ou mandíbula, cefaleia e até disfunção da articulação temporomandibular (ATM).
DENTISTICA
Medicamentos como os corticoides, quando usados por longos períodos, podem alterar o metabolismo do cálcio, afetando a densidade óssea. O presidente da Câmara Técnica de Dentística do CROSP, Dr. Sérgio Brossi Botta, afirma que é importante que o cirurgião-dentista tenha ciência das medicações que seus pacientes tomam diariamente a fim de minimizar os seus efeitos.
O membro da Câmara Técnica de Dentística Dr. Rodrigo Kitt também explicou que o ácido acetilsalicílico em forma de sachês diluídos em água ou comprimido dissolvido na boca pode contribuir para a erosão dentária. A acidez do medicamento ou como ele é ingerido podem causar irritação nos tecidos moles da boca.
“O cirurgião dentista deve fornecer informações ao paciente sobre o uso frequente destes medicamentos, além de indicar o uso de bochechos com flúor, uso de creme dental com flúor e estimular o paciente a escovar os dentes após a ingestão destes medicamentos”, finalizou o cirurgião-dentista.
Publicado em 30/12/2024.
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